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SALMO 107(106) - Deus salva o homem de todo perigo

COMO ESTÁ ORGANIZADO

 

Além da introdução (vv. 1-3) e da conclusão (vv. 42-43), temos o núcleo, dividido em cinco momentos: 4-9; 10-16; 17-22; 23-32; 33-41.

A introdução (vv. 1-3) tem um convite à ação de graças (v. 1), comum a muitos salmos. Não devemos esquecer que, de acordo com a divisão dos salmos em cinco livros, o Salmo 107 inicia o último livro (107-150). O motivo do agradecimento é o “amor para sempre” do Senhor. Esse tema está no início (v. 1) e no fim (v. 43). Os convidados a esse louvor são os “redimidos pelo Senhor” (v. 2) da mão do opressor (v. 2b), os dispersos por todos os lados, oriente, ocidente, norte, sul (v. 3). As palavras “redimidos” e “redimiu” são fortes e importantes. Mostram quem foi Deus para Seu povo ao longo da história.

O primeiro momento (vv. 4-9) fala de deserto solitário, por onde o povo anda perdido, sem uma cidade habitada, com fome e sede, sem vida. É a situação de aperto (angústia) que provoca o clamor a Deus, a libertação, a ação de graças. O clamor e a resposta se caracterizam por essa expressão, que aparece também nos próximos três momentos: “Na sua aflição, clamaram pelo Senhor, e Ele os libertou de suas angústias” (v. 6.13.19.28). A ação de graças também aparece como refrão nos outros momentos, exceto o quinto: “Que eles agradeçam a Deus o Seu amor, as maravilhas que faz pelos homens” (v. 8.15.21.31). Na ação de graças aparece o amor de Deus, capaz de fazer maravilhas, que são atos de libertação. Deus liberta da angústia: no deserto solitário em que o povo anda errante, sem cidade habitada, com fome e sede, Ele mostra o caminho para a cidade habitada, sacia a fome e mata a sede. Esse momento, talvez, se refira à época do êxodo. O segundo momento (vv. 10-16) fala de “sombras e trevas” em que o povo vive, prisioneiro de misérias e de ferros (v. 10) por ter-se revoltado contra as ordens divinas (v. 11). O esquema é o mesmo do momento anterior: aperto, clamor, libertação e ação de graças. Deus tira das “sombras e trevas”, rompendo os grilhões (v. 14), quebrando as portas de bronze e despedaçando as trancas de ferro (v. 16).

No terceiro momento (vv. 17-22) se diz que o povo anda pelo caminho da transgressão e é vítima das próprias injustiças. Trata-se de doença, entendida como consequência do pecado. O esquema já é conhecido: aperto, clamor, libertação, agradecimento. Aqui se acrescentam “sacrifícios de louvor” e festas (v. 22). A resposta do Senhor é clara: ao povo doente responde com a palavra que cura, impedindo que o povo encontre a morte.

No quarto momento (vv. 23-32) o povo já comercializa pelo mar (v. 23). É, provavelmente, a época do rei Salomão (1 Reis 9,26-28). Com a tempestade no mar (vv. 25-27), Deus manifesta Suas maravilhas (v. 24) de dois modos: mandando a tempestade e, depois, acalmando-a (vv. 29-30). O esquema desse momento repete o dos anteriores. Acrescenta-se, no final, o desejo de que Deus seja exaltado na assembleia do povo e no conselho dos anciãos (v. 32).

O quinto momento (vv. 33-41) não repete o esquema dos anteriores. Volta-se para as ações de contraste de Deus: a terra em que há água vira deserto (vv. 33-34) e vice-versa (v. 35), preparando um lugar bom aos famintos, que fundam uma cidade habitada (v. 36). É um resumo genérico das ações do Senhor no passado, desde o tempo de Abraão até a posse da terra. Em seguida, mostra o povo prosperando, plantando, colhendo, criando animais e se multiplicando sob as bênçãos de Deus (vv. 37-38). É o tempo da posse da terra. A seguir, o povo diminui, os poderosos são desprezados e vagueiam na confusão sem saída (vv. 39-40). Esse momento afirma, ainda, que Deus tira o indigente da miséria e multiplica as famílias como rebanhos (v. 41). É provável alusão ao fim do exílio.

A conclusão (vv. 42-43) é de estilo sapiencial. Denota que há corações retos e injustos (v. 42). Os primeiros ficam alegres, os outros tapam a boca. Diante disso tudo, pergunta-se: Quem é o sábio? E a resposta não tarda: ser sábio é observar essas coisas e saber discernir o amor de Deus (v. 43), que é para sempre.

 

REZAR O SALMO 107

 

Em ação de graças pelo amor de Deus em nossa história e caminhada; por ouvir os clamores e libertar. Rezá-lo para adquirir sabedoria.

Outros salmos de ação de graças individual: 9; 30; 32; 34; 40; 41; 92; 116; 138.

 

 

PE. OSMAR DEBATIN

Doutor em Teologia Bíblica

Pároco da Paróquia Santo Ambrósio - Ascurra

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